sexta-feira, 15 de abril de 2011

Relatório sobre o Desenvolvimento Global 2011 analisa “Conflitos, Segurança e Desenvolvimento” no século XXI


Com cerca de 1,5 mil milhões de pessoas a viver em países marcados por guerras constantes, o Banco Mundial lançou no início da semana o Relatório sobre o Desenvolvimento Global 2011, sob o tema “Conflito, Segurança e Desenvolvimento”, no qual descreve como a injustiça, a corrupção, o desemprego, a má governação e a violação dos Direitos Humanos podem precipitar violência e conflitos em países, entre países ou regiões (versão completa, em inglês, aqui e versão resumida, em português, aqui).

Em mais de 350 páginas, o documento analisa as alterações da natureza da violência no século XXI, através de uma análise completa, baseada em novas pesquisas, estudos de caso e diversas consultas a líderes e actores do Desenvolvimento a nível global. De acordo com Nigel Roberts, um dos responsáveis pelo relatório, a equipa de trabalho adoptou uma metodologia única de recolha de informação, recorrendo sobretudo a pesquisas locais pré-existentes e a dados nacionais que geravam as suas próprias conclusões e recomendações.

Críticas ao Relatório
Um artigo da IPS, divulgado no dia do lançamento da nova edição do relatório, apresenta diversas críticas por parte de think thanks e economistas como Mark Weisbrot, co-director do CEPR (Center for Economic  and Policy Research), sediado em Washington, que defende que o documento não apresenta nada de novo, apenas reveste velhas ideias

De acordo com o economista, embora o Banco Mundial saliente a necessidade de instituições mais fortes, esta retórica nem sempre está em consonância com a política actual. “Concordo com a prioridade do Banco Mundial em envolver a sociedade civil, mas isso precisa de ser combinado com reformas económicas mais amplas”, defende Weisbrot.

Outros economistas consideram que as ideias defendidas no Relatório não se desviam da velha agenda neoliberal cujos métodos já foram tentados e fracassaram em grande parte em detrimento das populações que supostamente procuravam empoderar.

Segundo Omar Dahi, professor de Economia para o Desenvolvimento na Universidade de Hamphsire, o Banco Mundial tem procurado reverter a sua agenda neoliberal que marcou as décadas de 80 e 90, focando-se no Desenvolvimento Humano. Porém, apesar de a ideia actual de dar mais destaque às instituições, em detrimento de um mero enfoque na integração (de mercado e financeira), a construção das instituições é um processo difícil e moroso. Além disso, defende o mesmo economista, este é o momento do Banco Mundial se democratizar a si mesmo para que os Países em Desenvolvimento possam ter maior poder de decisão sobre a forma como a organização opera no país.

Relatório nas redes sociais
Na edição deste ano o Banco Mundial decidiu inovar e no dia do lançamento informou que o relatório não é um fim em si mesmo, mas sim o princípio da discussão através das redes sociais. Três dias após o lançamento, a organização convidou os internautas a questionar e apresentar sugestões através do Twitter (ver aqui), num debate que se prolongará por diversos meses.

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