quarta-feira, 9 de maio de 2012

A CRISE FINANCEIRA E A AUSTERIDADE ESTÃO A ACABAR COM A COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO?


No último mês, surgiram duas reflexões interessantes sobre o impacto da crise financeira e da consequente austeridade na Ajuda ao Desenvolvimento e na Cooperação Internacional. O think tank norte-americano Center for Global Development (CGDev) questiona se a crise financeira global que se arrasta desde 2008 marca o fim da agenda de Desenvolvimento, no artigo “The Global Financial Crisis: The Beginning of the End of the 'Development' Agenda?”. Enquanto isso, o centro de investigação australiano Development Policy Centre (DevPolicy) se interroga se assistimos ao fim do boom de Ajuda ao Desenvolvimento, por causa da austeridade, no policy brief intitulado “End of the Aid Boom? The Impact of Austerity on Aid Budgets”.

A investigadora do CGDev Nancy Birdsall analisa o novo mundo multipolar e faz uma análise prospectiva de como esta crise financeira pode mudar a agenda de Desenvolvimento. O documento analisa a nova abordagem desenhada na última década, caracterizada pelo fim do domínio económico ocidental e a emergência de novos financiadores e de uma acção colectiva sobre os problemas globais.

Já Kathryn Zealand e Stephen Howes, do DevPolicy, analisam a redução da Ajuda ao Desenvolvimento nos orçamentos dos países que integram o Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (CAD/OCDE), e apresentam alguns dados das mudanças mais significativas em 2012, nomeadamente:

_ Oito dos 15 maiores países financiadores cortaram a Ajuda ao Desenvolvimento dos seus orçamentos em 2012;

_ A Ajuda Pública ao Desenvolvimento deverá cair cerca de 0,28 por cento, em 2012, nos países do CAD/OCDE, o valor mais baixo desde 2008;

_ O Reino Unido e a Austrália são apontados como os dois países que mais esforços têm realizado para combater esta tendência de crise na Ajuda ao Desenvolvimento;

_ Nem o financiamento não-governamental, nem a Ajuda ao Desenvolvimento dos doadores emergentes terão capacidade para cobrir o défice imediato;

_ Os Países em Desenvolvimento a que não é atribuída importância estratégica e as organizações multilaterais irão sofrer os cortes mais significativos de Ajuda ao Desenvolvimento.

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