A ajuda pública ao desenvolvimento (APD) portuguesa decresceu 20,4% em 2013, após uma diminuição também significativa em 2012 (11,3%). Neste cenário de decréscimo, a ajuda ligada - ajuda sob a forma de empréstimos condicionados à aquisição de bens e serviços do país doador - rondou os 70% da ajuda bilateral nacional. Estes números e as tendências da Cooperação Portuguesa integram o 9.º Relatório da Confederação Europeia de ONG de Ajuda Humanitária e Desenvolvimento (CONCORD) que foi lançado no passado dia 20 de Novembro, na sede da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), em Paris.
O mesmo relatório conclui que, apesar dos compromissos assumidos internacionalmente e renovados no novo Conceito Estratégico para a Cooperação aprovado em Março de 2014, Portugal apenas disponibilizou, em 2013, 0,23% do seu Rendimento Nacional Bruto (RNB) - 364M€ - para ajuda ao desenvolvimento.
Depois de três anos sem uma estratégia clara para o sector (o Conceito Estratégico da Cooperação Portuguesa foi aprovado apenas em Março de 2014) e com uma acentuada redução dos seus níveis de ajuda ao desenvolvimento, foi quebrado um percurso de crescimento da Cooperação Portuguesa que se verificou entre 2000 e 2010, colocando-se em risco muito dos avanços conseguidos nesse período.
“Continua a ser verdadeiramente preocupante a elevadíssima percentagem da ajuda ligada. 70% da APD portuguesa está condicionada à aquisição de bens e serviços por parte dos países parceiros a Portugal. Isto significa que o dinheiro que estaria destinado a contribuir para a erradicação da pobreza nos países parceiros não chega às mãos dos que mais dele necessitam e serve, ao invés, para dinamizar a economia portuguesa. A captação de investimento estrangeiro e a internacionalização da economia portuguesa são imperativos nacionais. Mas não à custa da ajuda pública ao desenvolvimento”, refere Pedro Krupenski, Presidente da Plataforma Portuguesa das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD).
Em relação às ONGD, o financiamento público está ainda disponível (apesar de uma redução de 57% entre 2011 e 2013), mas a decisão de priorizar o apoio a projectos com co-financiamento externo garantido (especialmente da Comissão Europeia) significa que muitos projectos relevantes, de qualidade, continuam a não ser financiados.
Ao nível da transparência da informação sobre a APD nacional têm-se verificado melhorias progressivas: a informação sobre a ajuda ao desenvolvimento é agora mais detalhada, actualizada e acessível, apesar de, por vezes, os dados não serem de fácil interpretação.
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
A VIAGEM DESDE ISTAMBUL: ALGUMAS EXPERIÊNCIAS
DE EFICÁCIA DO DESENVOLVIMENTO DAS OSC
O percurso iniciado em Istambul, em 2010, num encontro entre Organizações da
Sociedade Civil (OSC) de todo o mundo e de onde saíram os Princípios para a
Eficácia do Desenvolvimento das OSC, está agora documentada no livro The Journey from Istanbul: Evidence on the
Implementation of CSO DE Principles, editado pela Parceria Global das OSC para a Eficácia
do Desenvolvimento (CPDE, na sigla em inglês).
O documento
resulta de vários anos de pesquisa sobre experiências, práticas e lições
aprendidas por diferentes organizações em todo o mundo. São aqui apresentados
casos de estudo da Bélgica aos Camarões, da América Latina e Caraíbas a
experiências experimentadas na Ásia.
“Estas histórias são evidências que
demonstram o trabalho sério das OSC para promover a sua própria eficácia apesar
da falta de ambiente favorável por parte de outros stakeholders. Apesar das ameaças que diminuem os espaços
democráticos para a participação da sociedade civil no discurso político e
outros assuntos de Estado, as OSC persistem em realizar o seu trabalho de forma
mais eficaz para melhorar a vida das pessoas”
quinta-feira, 24 de julho de 2014
A RESILIÊNCIA E AS VULNERABILIDADES EM DESTAQUE NO RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2014
O Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgou hoje o Relatório de Desenvolvimento
Humano 2014, intitulado “Sustentar o Progresso Humano: reduzir as
vulnerabilidades e construir resiliência”.
Este ano, o
relatório destaca a necessidade de promover as escolhas das pessoas, ao mesmo
tempo que se protege o desenvolvimento humano adquirido até então. As
vulnerabilidades que ameaçam o desenvolvimento humano e a sua capacidade de
resiliência são aqui colocadas em perspectiva.
As
conquistas em algumas dimensões-chave do desenvolvimento humano, na área da
saúde e da nutrição, por exemplo, podem rapidamente ser atingidas por uma
catástrofe natural ou uma recessão económica. A violência, a corrupção e
instabilidade das instituições podem também ser factores de fragilidade ao
progresso humano.
ou o resumo
em espanhol.
quarta-feira, 16 de julho de 2014
ONG DENUNCIAM QUE ÁFRICA PERDE MAIS DO QUE O OCIDENTE GANHA COM A AJUDA AO DESENVOLVIMENTO
Um conjunto de ONG lançou recentemente o estudo Honest
Accounts? The true story of Africa’s
billion dollar losses que contribui para o debate e a reflexão sobre quem
ganha com a Ajuda ao Desenvolvimento canalizada para África.
O continente africano tem sido
sistematicamente representando como espaço que “precisa da nossa ajuda”. Neste quadro,
qual o papel das ONG internacionais? E da Ajuda ao Desenvolvimento? O
estudo procura desafiar a narrativa dominante em torno da Ajuda e do
Desenvolvimento, ao mesmo tempo que apresenta dados sobre os fluxos financeiros
que passam anualmente pelo continente africano.
Leia aqui
um artigo de opinião no The Guardian.
terça-feira, 8 de julho de 2014
ORGANIZAÇÕES EUROPEIAS DIVULGAM POSIÇÃO SOBRE A REVISÃO DO CONCEITO DE APD
Está em
curso uma revisão do actual conceito de Ajuda Pública ao Desenvolvimento, para
uma abordagem mais abrangente e que integre não só os montantes inscritos em
Orçamento de Estado dos países financiadores, como também outros “esforços”
realizados por esses países em prol do Desenvolvimento.
Neste
contexto, a CONCORD Europe – Confederação das ONG Europeias divulgou este mês
um documento de posição, apontando alguns desafios à revisão em curso e
sublinhando uma vez mais o papel catalisador que a APD pode desempenhar na luta
contra a erradicação da pobreza e das desigualdades a nível mundial.
O documento,
intitulado “A reforma da Ajuda ao Desenvolvimento deve passar o teste da
Eficácia do Desenvolvimento”, enfatiza a necessidade de a nova abordagem de APD
estar em linha com os princípios da Eficácia do Desenvolvimento, em termos de
transparência e prestação de contas, do reforço da apropriação democrática e
dos resultados.
Leia aqui o
documento (em inglês).
sexta-feira, 9 de maio de 2014
ELEIÇÕES EUROPEIAS: BOND ENVIA MANIFESTO
A EURODEPUTADOS
O mandato de 2014-2019 do Parlamento Europeu terá entre mãos importantes decisões sobre o
futuro do Desenvolvimento.
A nível
global está em curso um processo de negociações sobre o futuro do
Desenvolvimento Pós-2015, quando expiram os Objectivos de Desenvolvimento do
Milénio. Dezembro de 2015 é também a data limite para um novo tratado
internacional sobre as alterações climáticas negociado e acordado no quadro das Nações Unidas.
Os
eurodeputados eleitos no próximo dia 25 de Maio têm por isso a difícil tarefa de
orientar as decisões levadas a cabo pela UE e pelos seus Estados membros em
questões de Desenvolvimento, garantindo que os líderes europeus assumem
compromissos significativos e com impacto para a promoção de um Desenvolvimento
sustentável.
Neste
contexto, a BOND – plataforma britânica de ONG – divulgou um manifesto
dirigidos aos eurodeputados, onde apresenta uma série de questões-chave da área
do Desenvolvimento, como a Justiça Económica, a Justiça Social, o
Desenvolvimento Sustentável e a Boa Governação.
Para ler aqui
(em inglês).
terça-feira, 22 de abril de 2014
ENCONTRO DA PARCERIA GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO NO MÉXICO: ONDE ESTÃO OS DIREITOS HUMANOS E O DESENVOLVIMENTO INCLUSIVO?
Do Primeiro Encontro de Alto Nível da Nova Parceria Global de Eficácia da Cooperação para o Desenvolvimento - também designada Parceria de Busan - resultou um comunicado (em inglês e francês) onde os Estados e organizações presentes reiteram o seu compromisso para a promoção da qualidade da Cooperação para Desenvolvimento à escala global e o esforço conjunto para erradicar a pobreza.
Diversas organizações da sociedade civil acompanharam e participaram activamente nos diversos debates ao longo dos dois dias de reunião na cidade do México e congratulam-se com o reforço do compromisso em prol do Desenvolvimento.
Porém, em comunicado (também em espanhol), a Parceria das OSC para a Eficácia do Desenvolvimento (a CPDE, CSO Partnership for Development Effectiveness) manifestou as suas preocupações com a quase ausência da referência à questão da apropriação democtrática, dos Direitos Humanos e do desenvolvimento inclusivo.
Outra crítica das organizações da sociedade civil diz respeito ao compromisso com o desligamento da Ajuda ao Desenvolvimento (ou seja, separada de interesses económicos ou comerciais com o país parceiro), que consideram inferior ao documento de Busan. O peso conferido ao sector privado e ao investimento no comunicado é notório, no entanto é omissa a referência à promoção da transparência e da prestação de contas destes actores.
Diversas organizações da sociedade civil acompanharam e participaram activamente nos diversos debates ao longo dos dois dias de reunião na cidade do México e congratulam-se com o reforço do compromisso em prol do Desenvolvimento.
Porém, em comunicado (também em espanhol), a Parceria das OSC para a Eficácia do Desenvolvimento (a CPDE, CSO Partnership for Development Effectiveness) manifestou as suas preocupações com a quase ausência da referência à questão da apropriação democtrática, dos Direitos Humanos e do desenvolvimento inclusivo.
Outra crítica das organizações da sociedade civil diz respeito ao compromisso com o desligamento da Ajuda ao Desenvolvimento (ou seja, separada de interesses económicos ou comerciais com o país parceiro), que consideram inferior ao documento de Busan. O peso conferido ao sector privado e ao investimento no comunicado é notório, no entanto é omissa a referência à promoção da transparência e da prestação de contas destes actores.
quarta-feira, 16 de abril de 2014
O QUE A SOCIEDADE CIVIL ESPERA DO ENCONTRO DA PARCERIA GLOBAL NO MÉXICO?
A sociedade civil
participa nas discussões do Encontro da Parceria Global de Eficácia daCooperação para o Desenvolvimento no México, representada pela CPDE (a sigla
inglesa de CSO Partnership for
Development Effectiveness, ou seja, a aliança global de organizações da sociedade
civil para a Eficácia do Desenvolvimento).
A promoção
do Desenvolvimento Inclusivo, a atenção especial a uma abordagem de Direitos
Humanos no Desenvolvimento e a passagem à prática dos princípios orientadores
da Parceria de Busan são algumas das reivindicações da Sociedade Civil neste
encontro.
Aqui
pode encontrar algumas perspectivas e primeiras impressões de representantes da
sociedade civil que estão a participar nos debates.
terça-feira, 15 de abril de 2014
ASSISTA EM DIRECTO AO ENCONTRO DA PARCERIA PARA A EFICÁCIA DA COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO
Pode assistir em directo - em livestream - às sessões do Primeiro Encontro Pós-Busan, que decorre hoje e amanhã na Cidade do México.
As gravações permanecerão disponíveis no site oficial do encontro.
As gravações permanecerão disponíveis no site oficial do encontro.
PARCERIA GLOBAL DE EFICÁCIA DA COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO REÚNE-SE NO MÉXICO
O México –
país de rendimento médio – acolhe hoje e amanhã o primeiro encontro da Nova Parceria para a Eficácia do Cooperação para o
Desenvolvimento (também conhecida como Nova Parceria de Busan).
Mais de
1.500 participantes – entre representantes de Estado, da sociedade civil e
especialistas na área do Desenvolvimento – irão debater o proresso realizado
até então para tornar a Cooperação para o Desenvolvimento mais eficaz e
procurar entendimento no sentido de melhorar a qualidade da Parceria Global, no
que diz respeito sobretudo à coordenação entre actores e ao financiamento do
Desenvolvimento.
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